sábado, 28 de maio de 2016

A sede de Cristiano Ronaldo

Terceira vez campeão (Imagem: Instagram do jogador)
Cristiano Ronaldo é campeão pela terceira vez da Liga dos Campeões. De antemão, já aparece como favorito para faturar pela quarta vez o prêmio de melhor do mundo dado em conjunto pela FIFA com a France Football. Pela quarta vez consecutiva, ele foi o artilheiro da competição, atingindo o patamar pela quinta vez (já havia sido na temporada 2007-08), e igualando Messi no quesito. De quebra, com os 16 tentos que anotou nesta temporada, chegou a 93 no total, só pela Champions, onde reina absoluto na artilharia. Como se não bastasse, ele é o primeiro jogador da história do futebol europeu a superar a marca de 50 gols por seis temporadas consecutivas.

Os números não deixam dúvidas: Ronaldo é um obcecado por marcas e gols. Mas até que ponto isso é saudável?  

O português, dividindo as atenções entre a disputa do Espanhol, onde brigou até a última rodada com o Barcelona, e a competição europeia, atingiu o limite do esforço físico. Já havia sido assim em 2014, ano em que foi campeão europeu, artilheiro, recordista de gols na mesma edição e melhor do mundo. E chegou em frangalhos à Copa do Mundo.

Não é coincidência que seu desempenho tenha estado tão abaixo do seu nível habitual no gramado do San Siro nesta decisão. Cristiano, a despeito do estupendo preparo físico, não é de ferro e também já não é nenhum puto de 23 anos. Com mais de 30, precisa dosar melhor as energias, gastas em demasia para manter o ápice do golos anotados em quantas competições disputar. Em La Liga, era o goleador com folga até o uruguaio Suarez desembestar na reta final e, com 14 gols em cinco jogos, superá-lo por quatro.

Quem assistiu às partidas do Real Madrid nesta época pode ver o quanto ele lutou para manter o estatuto de goleador da prova, sobretudo em goleadas já desenhadas, e como ficava irritado quando desperdiçava chances claras ou mesmo quando a bola não lhe era passada. 

Desnecessário. 

Teria sido muito mais útil aos merengues se se poupasse nestes momentos, se deixasse de dar piques de 20 metros aos 47 minutos do segundo tempo quando o placar já anotava quatro, cinco ou seis gols a favor do Real Madrid só para poder ampliar seus gols.

Cristiano tem sua quarta e última Eurocopa no mês que vem, quando disputará, provavelmente, a última competição jogando em alto nível por Portugal. Na Copa de 2018, prova para a qual a Equipa das Quinas está em um grupo fácil nas Eliminatórias, deverá fazer sua despedida pela Selecção. Serão as derradeiras, e dificílimas, oportunidades de levantar um título pelo país e, enfim, figurar de forma indiscutível no panteão dos maiores jogadores de todos os tempos.

Essa é a sua última (e maior) ambição.

NO LIMITE Com status de melhor do mundo mas limitado
 fisicamente, Ronaldo parou na primeira fase na Copa (Reuters)

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